Por Clevilson Oliveira
Já estava ali
há dois dias. Após vários estudos e orientações, percebi que o texto precisava
ser mudado, mas a mudança era muito grande para fazermos em tão pouco tempo. Os
jurados mostravam indiretamente os seus gostos pelos líricos, e o nosso era
cômico. Era dez e meia da manhã e até as onze eu precisava orientar a minha
aluna na transformação da escrita.
Eu sabia que
qualquer decisão que tomasse poderia ser fatal ou não. Os meus colegas já mostravam
sinal de nervosismo. Alguns até choraram. Amarguei mais de vinte minutos a
chorar por dentro. A felicidade de estar ali me fazia flutuar, mas a decisão
que tomaria poderia me trazer arrependimentos ou desgostar a quem estava do
outro lado, a minha aluna, e que precisava de certezas.
Os formadores
nos orientaram a fazer bilhetes com observações a serem seguidas pelos alunos.
Eu adotei o nome “pupila”. A minha pupila ia chegar a qualquer hora e eu
deveria estar com o bilhete pronto. Depois de muito tempo consegui fazer uma
frase que tinha mais ou menos, digo assim, pois não me lembro mais o que
realmente escrevi. Só me lembro que estava emocionado e que a mensagem era que
não mudaríamos a essência do texto. O resultado de estarmos entre os 125 do Brasil,
e que no início era mais de três milhões, já me deixava orgulhoso, e que talvez
o tom da crônica utilizado no nosso texto já fosse o suficiente.
Ela chega com
os olhos brilhantes. Passou-me uma energia muito forte, e nem percebeu que eu estava
chorando. Ela estava mais segura do que eu. Parece que estava lendo a minha mente.
Disse-me que mudaria apenas uns pontos e eu entreguei o “bilhete” que dizia: “O
seu texto pra mim já é o melhor do Brasil”. O nervosismo transformou-se
em muita alegria. Depois que minha “pupila” saiu, fiquei de cabeça baixa no
lugar uns quinze minutos, sem falar com ninguém. Voltei para meu quarto que
ficava no mesmo hotel do evento, o Imirá Plaza, no Bairro das Dunas, em Natal
no Rio Grande do Norte, onde acontecia a semifinal da 3º edição da Olimpíada de
Língua Portuguesa e durmi a tarde inteira.
Nossa, emocionante o texto do professor Clevilson!
ResponderExcluirO que tenho a dizer é: que bom que tive a oportunidade de conhecer este profissional da educação... Sonhador, mas que arregaça as mangas e parte para a luta, pois sabe que para um Brasil melhor, a nossa única arma é a educação...
Parabéns a escola e ao professor.
Att: Professora Andreia Lemes
Treze Tílias- Santa Catarina.
Obrigado. Você também é ótima. Tenho conversado com seus alunos e os elogios são grandiosos.
Excluir